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minimalismo financeiro

 

Uma pessoa minimalista nas finanças é a maior prova de que o preço da felicidade é algo muito relativo. Basicamente, o minimalista decide ter aquilo que é realmente necessário para viver bem, incluindo gastos essenciais e não essenciais. Em outras palavras, ele pode se desapegar de tudo o que não precisa, ou seja, tudo o que está “sobrando” em sua vida.

Segundo o especialista em inteligência financeira Gustavo Cerbasi, minimalismo é um conceito relacionado a ter uma vida mais simples e mais rica em experiências. Para isso, é preciso ter autoconhecimento para entender quais são as suas prioridades de gastos e o que pode ser cortado do seu orçamento. A ideia principal é escolher menos e melhor.

“O minimalista, ao não comprar coisas piratas (de qualidade ruim), não comprar o que não precisa, não ter itens parados na gaveta, vai ter no banco investimentos mais robustos do que os investimentos das pessoas que têm uma variedade de gastos grandes, mas também têm desperdício grande”, afirma ele.

Portanto, uma pessoa minimalista tende a ter mais saúde financeira, pois:

  • Tem uma rotina de gastos mais enxuta;

  • Exercita o autoconhecimento;

  • Segue uma prioridade de gastos;

  • Corta o que não é essencial para sua vida e felicidade;

  • Consegue poupar mais para momentos e gastos importantes.

 

O que é mindset financeiro

Para mudar sua relação com as finanças, como faz o minimalista, muitas vezes é preciso passar por uma mudança de mindset financeiro, que nada mais é que a nossa mentalidade padrão em relação ao dinheiro. Em termos gerais, o mindset é formado por uma série de modelos mentais construídos com base nas nossas crenças, experiências e ensinamentos vindos desde a infância. São eles que determinam nossa forma de ver o mundo e de agir diante dele.

Na busca por saúde financeira é muito importante entender qual é o seu mindset fixo em relação ao dinheiro, ou seja, os pensamentos que você assume automaticamente como sendo verdades inquestionáveis.

O motivo para essa autoanálise é bastante coerente: se você não mudar seus modelos mentais ruins, nunca conseguirá estabelecer uma relação saudável, de crescimento, com seu dinheiro – pois será sempre sabotado pelas próprias crenças. Alguns pensamentos do mindset financeiro ruim são:

  • Quem nasce pobre, morre pobre;

  • Só enriquece quem tem muita sorte;

  • Só enriquece quem é muito inteligente;

  • Eu sou consumista e não consigo mudar;

  • Ganhar dinheiro é muito difícil;

  • Só ganha dinheiro quem se mata de trabalhar;

  • Tudo o que faço dá errado;

  • Não nasci para ser rico;

  • Eu sou desorganizado e não posso mudar.

Por outro lado, pessoas que tem um mindset financeiro positivo têm menos medo de ousar, pois são mais corajosas e confiantes, e não desistem diante das derrotas, pois sabem que elas não representam o fim da estrada. Essas pessoas olham para o mundo buscando sempre oportunidades de ter sucesso e não esperando o fracasso.

Para se livrar desses padrões negativos, que impedem qualquer pessoa de estabelecer uma relação de sucesso com o dinheiro, é preciso reprogramar sua mente – ou seja, ensiná-la a pensar diferente. Para isso, é possível buscar ajuda de coachs financeiros e psicólogos, ler livros sobre o tema e tentar alguns exercícios mentais, por exemplo.

O papel da autoestima e do autoconhecimento

Uma mudança de mindset financeiro passa necessariamente pelo autoconhecimento. Você sabia, por exemplo, que a maior parte dos compradores compulsivos são mulheres que sofrem de depressão ou baixa autoestima?

Essa é a conclusão do psicólogo Oriole Peterfreund, de Nova York (EUA), citada no livro “Complexo da Sabotagem”, da escritora Colette Dowling. Segundo o pesquisador, as compras descontroladas seriam uma forma de essas pessoas se sentirem melhores.

A conclusão pode ser polêmica, mas faz sentido. Homens e mulheres que têm a autoestima baixa, se sentem inferiores ao demais, são vulneráveis a entrar em um caminho bastante árduo de autoafirmação e, por consequência, consumo irresponsável.

Isso porque, se você usa o dinheiro como instrumento para se sentir melhor, mais importante, ou para agradar e convencer outras pessoas sobre o seu valor, você não tem uma relação saudável com suas finanças.

Para mudar essa realidade o autoconhecimento é fundamental, pois é ele quem ajuda a lidar com as emoções negativas e positivas, controlar impulsos e buscar ajuda, quando necessário. Uma pessoa que tem a autoestima muito baixa não tem somente falta de saúde financeira, mas também falta de saúde mental – o que é um problema bastante sério e que precisa ser tratado com atenção.

A importância de poupar e investir

Ao se organizar melhor, ajustar seu mindset para o sucesso e evitar o consumismo exagerado, aumentam as chances de sobrar dinheiro na sua conta fim do mês. Lembrando que poupar dinheiro e investi-lo de forma inteligente, visando bons rendimentos, é um hábito essencial para quem busca saúde financeira, pois:

Uma poupança feita especialmente para cobrir imprevistos, como acidentes, meses de desemprego, reformas de emergência, viagens de última hora, entre outros. Com a reserva, não será preciso pedir um empréstimo no banco a juros altíssimos, por exemplo, caso uma eventualidade apareça.

Como as emergências não tem data para acontecer, o indicado é que esse dinheiro fique alocado em um investimento de alta liquidez – ou seja, que você pode resgatar a qualquer momento. Mas lembre-se de sempre fugir da poupança, pois os rendimentos por lá são irrisórios.

  • Garante a realização dos seus sonhos

Em segundo lugar, poupar dinheiro e investir é a garantia da realização dos sonhos especialmente de médio e longo prazo. Muito melhor que financiar um carro no banco a juros altos, é ter o dinheiro em reserva para pagar à vista com um bom desconto, por exemplo.

O mesmo vale para a casa própria ou para o intercâmbio dos seus filhos. Com o dinheiro em conta, fica muito mais fácil negociar preços e evitar empréstimos a juros altos que se estendem pela vida toda.

Não seja como a maioria dos brasileiros

Uma pesquisa feita no último ano pela Confederação de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que dos 800 brasileiros entrevistados, 67% não guardam qualquer quantia mensalmente. As justificativas citadas foram:

  • Não sobra dinheiro fim do mês (40%);

  • Foram surpreendidos por imprevistos financeiros (18%);

  • Tiveram gastos extras atípicos (15%);

  • Perderam o controle dos gastos (13%).

Marcela Kawauti, economista chefe do SPC Brasil, entende que o alto desemprego no Brasil e os salários muito baixos dificultam na hora de guardar dinheiro, mas pondera que esses não são os únicos problemas.

“Não se pode ignorar que muitos consumidores não dão a devida importância para a formação de uma reserva financeira. O ideal não é poupar somente o que sobra no fim do mês, mas sempre reservar uma quantia fixa, encarando o valor destinado para a reserva como mais um compromisso mensal”, afirma.

Pense na aposentadoria

Além de não ter o hábito de poupar, os brasileiros também não se preparam para a aposentadoria – algo muito sério quando falamos de saúde financeira. Uma pesquisa feita no último ano pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (ANBIMA), junto ao Datafolha, revela o que todo mundo já imaginava: a maioria das pessoas ainda confia que vai se aposentar pela Previdência Social.

Dos entrevistados que ainda não se aposentaram, 47% disseram contar unicamente com os recursos da Previdência Social, enquanto 28% pretendem continuar no mercado de trabalho, e 2% esperam contar com o apoio dos filhos ou da família.  

Quando pensamos que a população brasileira está envelhecendo, o que significa menos pessoas contribuindo e mais pessoas recebendo o benefício, entendemos que contar com o governo é algo muito arriscado.

Hoje a conta já não fecha. O rombo que os gastos previdenciários causaram no orçamento público cresceu tanto que tornou fundamental uma reforma nas regras (aprovada no último ano). Com as novas normas, os brasileiros vão precisar ficar ainda mais tempo no mercado de trabalho para conseguirem o tão sonhado descanso remunerado.

Além disso, temos de considerar que nem sempre os filhos terão condições de ajudar os pais e que, muitas vezes, a velhice traz limitações que nos impedem de continuar trabalhando – fora os gastos altos com saúde e segurança. Por essas e outras, o brasileiro precisa começar a pensar desde cedo em formas mais seguras de garantir o dinheiro lá na frente.

Para ajudar nessa tarefa, muitas empresas já oferecem a oportunidade de o funcionário fazer parte de um plano de previdência privada corporativo ou de um fundo de pensão, que são formas de incentivar e até mesmo contribuir junto ao trabalhador no investimento para a aposentadoria.

Quem não tem essa grande oportunidade, pode buscar outras formas de investimentos: como a previdência privada individual, produtos de renda fixa, títulos do Tesourocotas em fundos multimercado ou até mesmo uma carteira de ações. O importante é fazer um plano de investimento inteligente para o longo prazo.

4 dicas para começar a cuidar da sua saúde financeira agora mesmo

Se você já está convencido de que cuidar da sua saúde financeira é uma decisão fundamental para viver melhor e com mais tranquilidade, agora é o momento ideal para começar a rever seus hábitos. Abaixo, seguem algumas dicas de especialistas para quem quer mudar a relação com o dinheiro:

Não perca as finanças de vista

Reserve um tempo na sua semana para olhar para o seu dinheiro e checar como vão as coisas. Confira os gastos do cartão de crédito, veja se as taxas cobradas no banco estão corretas, dê uma olhada nos rendimentos dos seus investimentos, certifique-se de que nenhuma conta esteja negativa e pagando juros altos, veja quanto já gastou do orçamento mensal até agora e quais despesas ainda estão por vir. Esse hábito vai evitar que você:

  • Arque com custos e taxas indevidas;

  • Invista em produtos com retornos ruins;

  • Se descontrole com os gastos;

  • Se esqueça de pagar as contas em dia.

Reveja os gastos e invista

O segundo passo é entender se os seus gastos estão coerentes com suas receitas. O ideal é que seu custo de vida sempre seja menor que sua renda, pois, assim, você terá dinheiro para poupar e investir. Essa é a melhor forma de compor sua reserva de emergência, realizar os sonhos e se preparar para a aposentadoria. A ideia aqui é:

  • Cortar gastos desnecessários;

  • Renegociar o que puder;

  • Rever seu padrão de vida;

  • Vender coisas que não esteja usando;

  • Pensar em formas de aumentar sua renda.

Vá de encontro aos seus sonhos:

 

Por fim, é hora de repassar os seus planos de curto, médio e longo prazo e avaliar se você está no caminho certo para alcançá-los, ou seja, entender como está seu planejamento. Se você quer comprar um carro em 2 anos e uma casa em 5 anos, está poupando o suficiente para isso? A ideia é entender se, continuando no caminho que está, você alcançara seus objetivos no prazo em que gostaria. Algumas perguntas a se fazer:

  • Estou conseguindo poupar o suficiente?

  • Meu dinheiro está no melhor investimento possível?

  • O prazo para realização dos meus planos está realista?

  • Devo mudar a prioridade dos meus objetivos?

Além disso, é sempre bom avaliar como anda seu patrimônio líquido, ou seja, os seus bens menos suas dívidas. Assim, você terá uma ideia melhor do que já conquistou e poderá acompanhar o crescimento do patrimônio ao longo dos anos.

Fique seguro!

Um passo importante para conquistar saúde financeira é se preparar para o futuro e se precaver de possíveis imprevistos que possam causar prejuízo, dores de cabeça e danos à saúde física. Por isso, é importante manter em dia:

  • Sua reserva de emergência;

  • Seu plano de saúde;

  • O seguro do seu carro;

  • Seu seguro de vida;

  • O seguro do cartão de crédito;

  • Seu plano de aposentadoria;

  • O seguro da sua casa.

Essas dicas, é claro, são apenas o começo da busca por mais saúde financeira, mas já devem gerar uma motivação interna que vai melhorar sua relação com o dinheiro, com seus sonhos e sua satisfação com a vida no geral. Boa sorte!